Mais de 300 agricultoras se encontram para trocar experiências sobre a caderneta agroecológica
Terminou nesta quarta-feira (18) o I Encontro das Guardiãs da Agrobiodiversidade do Semiárido Baiano, com o tema Caderneta Agroecológica; feminismos, empoderamento e autonomia das mulheres. O evento reúne mais de 300 agricultoras familiares no Centro Diocesano, em Senhor do Bonfim.
O encontro é uma realização da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vincula à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio do Pró-Semiárido, projeto fruto do acordo de empréstimo feito entre o Governo do Estado da Bahia e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
“Este evento amplia a visibilidade do trabalho das mulheres, esforço que o Governo do Estado tem feito desde outros projetos, a exemplo do Gente de Valor. O projeto Pró-Semiárido foi a continuidade do trabalho de Gênero. Essa ação com as Cadernetas parece tão simples, mas tem uma importância fundamental, pois deixou visível que o trabalho das mulheres não é a Judá, mas está pari passu com o dos homens!”, salientou durante a mesa de abertura o subcoordenador do capital social do Pró-Semiárido, Samuel Lyra.
No primeiro dia do encontro (17/12), foi realizada a socialização dos caminhos percorridos da sistematização das Cadernetas Agroecológicas e alguns dados expressivos da produção das mulheres em seus quintais. Para se ter ideia, a contabilização da produção registrada pelas 351 mulheres que usam as cadernetas no projeto soma 404 tipos de produtos de origem animal, vegetal, beneficiados, medicinais e artesanato. A renda gerada por meio da venda, troca, consumo e doação do que é produzido por essas mulheres corresponde a um valor de mais de 173 mil reais, no período de agosto a outubro deste ano.
“No momento que a caderneta chegou, e que foi anotada deu visibilidade para aquilo que toda mulher sertaneja está acostumada a fazer, só que muitas mulheres dizem: “eu não faço nada, só tomo conta da casa, meu marido que trabalha´. Mas toda mulher gera alguma renda. Então, essa caderneta chegou para nós, pra dar uma visão do nosso trabalho, para ajudar muitas mulheres. Nós estamos aprendendo a viver a caderneta, porque a caderneta não é só anotação é uma forma de viver. Com ela a gente aprende e abre os olhos pra ver o tanto de coisa que a gente faz”, ratificou a agricultora Maria Silvani Gonçalves que mora na comunidade de Angico, no distrito de Pinhões, em Juazeiro.
Além da presença das agricultoras que têm registrado a sua produção nas cadernetas, o evento conta com a participação de parceiros, técnicos e técnicas e Agentes Comunitários Rurais (ACRs). Na mesa de abertura, as boas-vindas foram dadas pelo Chefe local do Pró-Semiárido, Cleiton Lin, e contou com a presença de Beth Cardoso, da organização CTA da Zona da Mata de Minas Gerais; da Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Laeticia Jalil; da agricultora, Maria Silvani; e da gerente de gestão do conhecimento do programa Semear internacional, Aline Martins.
Beth Cardoso é uma das idealizadoras da Caderneta Agroecológica. Em sua fala ela traçou um histórico de como se constituiu a ferramenta metodológica e destacou que a caderneta vem mostrar a importância da produção das mulheres: “A gente fala que a caderneta é um instrumento político e pedagógico porque é a partir do aprendizado sobre a própria produção que elas passam a ter autonomia financeira. A produção das mulheres é a riqueza que não aparece nem nos dados econômicos, então, a caderneta é boa também para mostrar que as mulheres estão fazendo rodar a roda da economia”.
Na oportunidade a secretária de educação Doracy, do município de Antonio Gonçalves prestigiou o evento.
Fonte:CAR /FOTOS Juju Mangabeira
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