Euclides da Cunha, Itiúba e Quijingue registraram 20 casos de estupros em 2015; veja dados
O
mapa da violência sexual na Bahia no ano de 2015 acabou de ser
divulgado, os municípios da região com índices mais elevados foram
Quijingue com 6 casos de estupros registrados, média de 20,94 por cada
100 mil habitantes, Itiúba, também com seis casos registrados (média de
15,59) e Euclides da Cunha com oito casos (média de 13,19). Os
municípios do Extremo-Sul do estado lideram.
Um homem conhece uma mulher pela internet e, após
algum tempo, se muda para a casa dela em Itamaraju, Extremo-Sul do
estado. Lá, passa a morar com a mulher e suas duas filhas, de 15 e 8
anos. Seis meses depois, o padrasto é flagrado pela adolescente
estuprando a irmã mais nova. A vizinha, ao ouvir o relato da
adolescente, chama a polícia, que chega a tempo de prender o agressor em
flagrante.
Cenas assim, ou parecidas com essa, se repetiram 517
vezes no ano passado nos 70 municípios do Sul e Extremo-Sul. As duas
microrregiões sustentam os dois primeiros lugares num ranking nada
animador: as áreas com maiores taxas de estupro da Bahia. Enquanto no
Extremo-Sul ocorreram 27,1 casos para grupo de 100 mil habitantes, no
Sul essa taxa foi de 21,8 em 2015.
Os dados dos crimes foram divulgados pela Secretaria
da Segurança Pública (SSP) e mostram que, a cada 100 mil habitantes do
Sul e Extremo-Sul, juntos, 24 foram violentadas em 2015. Os 517 casos
estão distribuídos nas 70 delegacias territoriais ou nas especializadas
de atendimento à mulher. Embora nenhuma delas supere em números
absolutos a capital, 30 municípios têm taxa de estupro maior do que a de
Salvador.
Números
Os crimes de violência sexual fazem parte da realidade de quase todos os 417 municípios baianos. No ano passado, apenas 98 deles (23,5%) não tiveram nenhum caso levado às delegacias. Já entre os que registraram as maiores taxas, três estão no Sul e Extremo-Sul: Pau Brasil, em 4º lugar, com 64,19; Itanhém, em 7º, com 48,52; e Porto Seguro, em 9º, com 46,07.
Os crimes de violência sexual fazem parte da realidade de quase todos os 417 municípios baianos. No ano passado, apenas 98 deles (23,5%) não tiveram nenhum caso levado às delegacias. Já entre os que registraram as maiores taxas, três estão no Sul e Extremo-Sul: Pau Brasil, em 4º lugar, com 64,19; Itanhém, em 7º, com 48,52; e Porto Seguro, em 9º, com 46,07.
Em números absolutos, metade dos dez municípios do
interior com o maior volume de registros também está nas duas regiões:
Ilhéus, em 2º lugar, com 76 estupros; Porto Seguro, em 3º, com 67;
Teixeira de Freitas, em 5º, com 53; Itabuna, em 8º lugar, com 43; e
Eunápolis, em 10º, com 37 casos. Na região, há Delegacias Especializadas
de Atendimento à Mulher (Deam) em Porto Seguro, Itabuna, Ilhéus e
Teixeira de Freitas. E elas não registram casos das cidades vizinhas.
Em família
Para a delegada coordenadora da 23ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis), Valéria Chaves, os números de estupros nas cidades cobertas pela Coorpin têm se mantido estável. Mas, para ela, o caso de Porto Seguro chama a atenção. “O que a gente constatou em Porto Seguro é que houve um aumento considerável. Geralmente, os agressores são familiares. E lá tem uma delegacia especializada, a gente tem como visualizar melhor”, disse a delegada, que coordena, de Eunápolis, o trabalho em oito delegacias da região. Apesar disso, o número de estupros em 2015 (67) em Porto Seguro – taxa de 46,07 por 100 mil – foi menor em relação a 2014, quando houve 88 casos e a taxa atingiu 31,88.
Para a delegada coordenadora da 23ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis), Valéria Chaves, os números de estupros nas cidades cobertas pela Coorpin têm se mantido estável. Mas, para ela, o caso de Porto Seguro chama a atenção. “O que a gente constatou em Porto Seguro é que houve um aumento considerável. Geralmente, os agressores são familiares. E lá tem uma delegacia especializada, a gente tem como visualizar melhor”, disse a delegada, que coordena, de Eunápolis, o trabalho em oito delegacias da região. Apesar disso, o número de estupros em 2015 (67) em Porto Seguro – taxa de 46,07 por 100 mil – foi menor em relação a 2014, quando houve 88 casos e a taxa atingiu 31,88.
Não é o que acontece em Ilhéus. Lá, o número de
registros aumentou em relação a 2014 – foram 76 em 2015, contra 66
antes. Titular da Deam de Ilhéus, Márcia Rezende diz perceber o aumento,
mas não o considera expressivo. Lá, a Deam registra apenas casos da
cidade. “Aqui, o abuso infantojuvenil, ou estupro de vulnerável, é maior
que o estupro de mulheres. Ele predomina. E, na maioria das vezes, a
gente consegue prender o agressor. Já fiz, inclusive, este ano, duas ou
três prisões”, disse.
Segundo a delegada, cerca de 90% dos estupros de
vulnerável (menos de 13 anos) acontecem em ambiente familiar. “Quando o
abuso acontece com adolescente e criança, 90% é no seio familiar. É o
pai, o irmão, o padrasto, o tio, é quem você nunca desconfia. Já o outro
pode acontecer com qualquer pessoa”, ilustrou.
É o mesmo tipo de crime que aconteceu no último dia
15, em Itamaraju. E não foi o primeiro este ano. Segundo informações da
delegacia local, apesar de ter sido preso em flagrante, o homem negou as
acusações. A vítima, porém, contou a situação em detalhes.
Por quê?
Embora as taxas de estupros nas duas regiões sejam as maiores do estado – e de o Centro-Sul ter registrado, em números absolutos (372), o segundo lugar, perdendo só para Salvador – especialistas e agentes de segurança não conseguem encontrar uma explicação. Para a delegada Márcia Rezende, a maioria dos casos lá não tem relação com turismo sexual. “Isso existe do Baixo-Sul pra cima. Aqui não tem, a taxa é mínima”, observou a delegada, que defende mais delegacias especializadas. “A violência contra a mulher, não só o estupro, está aumentando muito: o feminicídio, a violência doméstica, o estupro, as brigas de vizinhos com ataques às mulheres, isso tudo tem aumentado”, apontou.
Embora as taxas de estupros nas duas regiões sejam as maiores do estado – e de o Centro-Sul ter registrado, em números absolutos (372), o segundo lugar, perdendo só para Salvador – especialistas e agentes de segurança não conseguem encontrar uma explicação. Para a delegada Márcia Rezende, a maioria dos casos lá não tem relação com turismo sexual. “Isso existe do Baixo-Sul pra cima. Aqui não tem, a taxa é mínima”, observou a delegada, que defende mais delegacias especializadas. “A violência contra a mulher, não só o estupro, está aumentando muito: o feminicídio, a violência doméstica, o estupro, as brigas de vizinhos com ataques às mulheres, isso tudo tem aumentado”, apontou.
Chega de Fiu Fiu: vítimas de assédio relatam situações
Além dos registros de estupro nas delegacias territoriais, há mulheres que são vítimas de assédio e levam o caso a público através da internet. A campanha Chega de Fiu Fiu, da ONG Think Olga, é um dos espaços onde é possível relatar casos de abuso, de assédio sexual e até de ameaças de estupro. No espaço virtual, é possível indicar num mapa e relatar uma história, marcando-a por cidade.
Além dos registros de estupro nas delegacias territoriais, há mulheres que são vítimas de assédio e levam o caso a público através da internet. A campanha Chega de Fiu Fiu, da ONG Think Olga, é um dos espaços onde é possível relatar casos de abuso, de assédio sexual e até de ameaças de estupro. No espaço virtual, é possível indicar num mapa e relatar uma história, marcando-a por cidade.
No mapa da campanha, há relatos de assédio
ocorridos, por exemplo, em cinco cidades do Sul e Extremo-Sul do estado:
Ilhéus (4), Teixeira de Freitas (1), Eunápolis (1), Itabuna (4) e
Wenceslau Guimarães (1). Em Salvador, há 69 denúncias, a maioria delas
referente ao ano de 2014.
No total, foram feitas 107 denúncias de assédio na
Bahia, entre o dia 22 de abril de 2014 e 11 de abril de 2016. Além dos
69 casos denunciados à Chega de Fiu Fiu em Salvador e nas microrregiões
Sul e Extremo-Sul, houve casos em Amargosa, Biritinga, Cícero Dantas,
Cruz das Almas, Feira de Santana, Jequié, Juazeiro, Lauro de Freitas,
Seabra, Simões Filho e Vitória da Conquista.
Ainda segundo informações do mapa de ocorrências,
44,8% dos assédios denunciados na Bahia ocorreram durante a tarde, 26,1%
durante a manhã e 20,5% durante a noite – 8,6% das denúncias não
informavam horário. O mapa aponta também que, em todo o Brasil, 48% dos
assédios relatados são verbais e 68% deles acontecem durante o dia. Há,
inclusive, uma lista com os termos usados de forma mais recorrente pelos
agressores.
*Com informações do Correio24Horas
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