Prefeito que só sabe assinar o nome aplicou 37% do orçamento no ensino
Antônio Ramos da Silva, de 69 anos, foi prefeito, presidente da
câmara municipal e acaba de se reeleger vereador de Quixaba, cidade do
sertão pernambucano com 7 mil habitantes. Ele não esconde: é analfabeto.
“Quando eu era criança, meu pai precisava dos filhos trabalhando na roça e não me deixou estudar”.
Pela lei, os analfabetos não podem se eleger. Silva pôde tornar-se
político por saber copiar palavras e assinar o nome, o que bastou para a
Justiça Eleitoral.
Ele sempre teve assessores de confiança para ajudar na leitura dos
documentos. Para Silva, os analfabetos deveriam ter o direito de ser
votados:
“Tem muito doutor por aí que não tem nem a metade da minha honestidade”.
Silva se elegeu prefeito em 1992. Até então, a cidade só tinha
escolas caindo aos pedaços e professoras sem diploma. Tudo mudou. A
educação chegou a receber 37% do orçamento municipal, acima do piso
constitucional de 25%.
“Fiz tanto pela educação porque sempre senti na pele o quanto ela faz falta”, afirmou.
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