Rejeição ao PT colaborou para derrota em Conquista, admite Zé Raimundo
por Bruno Luiz / Rebeca Menezes
Candidato derrotado no segundo turno de Vitória da
Conquista, no sudoeste da Bahia, o deputado estadual Zé Raimundo (PT)
sente que cumpriu sua missão durante a campanha, mas admite que a
rejeição nacional ao seu partido contribuiu para o resultado negativo na
cidade. Com a eleição de Herzem Gusmão (PMDB), com 57,58% dos votos
válidos, o PT perdeu o reduto que comandava há 20 anos – inclusive com
um mandato do próprio Zé Raimundo. “No quadro nacional, há uma
desqualificação da política, a população perdeu a fé, embora compareça e
vote. Há um clima geral de desconfiança. Não podemos negar que o
envolvimento de nomes de nosso partido nessas questões nacionais e a
superexposição que a mídia deu somente ao nosso partido contribuiu para o
resultado”, avaliou. “Nós somos éticos e respeitados na região. Mas de
fato há uma rejeição ao partido que acabou pesando no final. Não houve
qualquer tipo de denúncia ou desconfiança ética ou moral de nossa
administração. Resumindo, eu diria que de fato o quadro nacional pesou, a
crise econômica, o imaginário que se criou em torno do partido...
Embora todos os partidos tenham cometido erros, o PT acabou pagando essa
culpa”, lamentou. O presidente estadual da sigla, Everaldo Anunciação,
concordou. “Há uma série de elementos. Foram 20 anos de mesmo projeto,
20 anos consecutivos leva a um desgaste natural. Além também desses
ataques intensos na campanha, com ataques baixos sendo colocados o tempo
todo pelo candidato do PMDB, levando mentiras, tentando distorcer
informações. Esse conjunto de elementos nos levou à derrota”, explicou.
“Sem dúvidas [a conjuntura nacional] influenciou. Há um grande ataque ao
PT em nível nacional e em grandes centros, o que acaba influenciando no
processo eleitoral”, completou. Zé Raimundo também atribuiu a derrota a
outra questão: o seu tempo de campanha limitado, quando comparado ao de
Gusmão. Segundo ele, a definição da coligação apenas no dia 18 de junho
“chegou um pouco tarde”, já que Herzem foi candidato “por oito anos” e
tinha mais espaço na mídia nos últimos anos. “Eu fui prefeito em 2008,
depois atuei como professor. Como deputado estadual, eu não tive acesso
aos veículos de comunicação. O outro tinha duas horas diárias de
exposição na rádio, foram outras aparições. Foi uma luta desigual que se
estabeleceu em termo de exposição da mídia, ele estava o tempo todo
fazendo campanha enquanto eu nem era candidato”, defendeu. Mesmo assim,
Zé Raimundo garante que vai continuar a defender o município. “Não estou
me queixando. Ganha a democracia, o povo é soberano e eu respeito.
Minha sensação não é de derrota. O povo respeitou nossas propostas,
andamos pela cidade e sempre fomos recebidos com carinho, mesmo aqueles
que não votaram na gente, reconheciam nosso papel na cidade. Eu não
sentia essa carga de rejeição em mim. Em relação ao partido sim, é muito
forte”, reforçou. “Eu vou continuar a desejar que a cidade continue a
se desenvolver, meu mandato vai estar à disposição”, concluiu.
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