Velório de Belchior em Fortaleza tem homenagens, música, parentes e fãs
O
corpo do cantor Belchior é velado no hall do teatro do Centro Cultural
Dragão do Mar, no Bairro Praia de Iracema, em Fortaleza, na tarde desta
segunda-feira (1º). O corpo partiu de Sobral, cidade natal do artista, e
chegou à capital cearense por volta das 12h30, seguindo no carro do
Corpo de Bombeiros por ruas da capital até o Centro Dragão do Mar. O
cortejo passou por avenidas como Luciano Avenida Luciano Carneiro, Treze
de Maio, Pontes Vieira, Desembargador Moreira e Abolição.
Fonte: G1
Desde
cedo, há uma longa fila no local, com encontro de amigos, música, e fãs
que viajaram de outras cidades para a despedida do ídolo. O caixão foi
conduzido pela Polícia Militar, que prestou uma homenagem ao cantor na
chegada ao local. Durante o trajeto, os fãs cantaram e aplaudiram.
O
salão está aberto para visita, inicialmente, de amigos, parentes e
autoridades. Em seguida, será aberto para a recepção dos fãs.
“Belchior
é uma referência na música brasileira e uma grande influência pra mim.
Desde os meus 15 anos que toco e canto aí pela noite, e não tem nenhuma
vez que não cante suas músicas. Agora, acho que morre um pouco de mim
também. É uma emoção muito grande velo assim, mas o legado dele é o que
fica. A qualidade de um músico que impressiona a todos”, diz o fã e
cantor Marcos Tom Rio.
O
primeiro momento do velório na cidade natal de Belchior terminou pouco
mais de 11h30 com aplausos e uma chuva de pétalas na saída do Teatro São
João, no Bairro Centro. Em seguida, o corpo foi levado para Fortaleza. A
previsão é de haja uma missa de corpo presente a partir de 7h da terça,
e o sepultamento, no Cemitério Parque da Paz, às 9h. O corpo partiu do
Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por volta da 1h da madrugada,
em um voo fretado pelo governo cearense, chegando a Sobral às 7h40.
Fãs
fizeram fila para chegar ao palco do teatro e se despedir do cantor, ao
som de suas músicas executadas por músicos cearenses. Antes das 6h,
eles já esperavam o início do velório na praça em frente ao teatro,
decorado, na fachada, com imagens do rosto do Belchior e um de fragmento
de uma de suas músicas. Seis familiares do artista, de Fortaleza,
participaram da cerimônia, além da mulher Edna Prometheu. Moradores
também foram receber o corpo no aeroporto da cidade e acompanharam o
carro do Corpo de Bombeiros até o teatro.
Belchior
foi encontrado morto em casa ontem, em Santa Cruz do Sul (RS), aos 70
anos. Ele vivia na cidade de 126 mil habitantes do Vale do Rio Pardo, a
cerca de 150 km de Porto Alegre, com a mulher, que o encontrou morto.
Ela disse à polícia que Belchior não tinha problemas nem tomava
medicamentos. Ele se sentiu mal na noite de sábado, se queixou de muito
frio à esposa e disse que ia descansar no sofá da sala, que ele usava
para fazer suas composições, segundo vizinhos.
Segundo
amigos, o artista vivia há quatro anos em Santa Cruz do Sul – dos quais
cerca de dois anos na casa onde morreu, cedida por um amigo. Belchior
continuava compondo, embora não tivesse planos de fazer shows ou gravar
discos, e traduzia suas canções e obra de Dante Alighieri. O Governo do
Ceará e a Prefeitura de Fortaleza decretaram luto oficial de três dias
pela morte de Belchior.
Análise
preliminar indica que o cantor cearense morreu em razão do rompimento
da artéria aorta, segundo a delegada Raquel Schneider. Schneider falou
com o médico do IML da cidade de Cachoeira do Sul, responsável pela
necropsia em Belchior. De lá, seu corpo foi levado para Venâncio Aires
para ser embalsamado.
Antônio
Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes – “um dos maiores nomes da
música popular”, como brincava ao se apresentar – nasceu em 26 de
outubro de 1946 e foi um dos ícones mais enigmáticos da música popular
no Brasil, com quase 40 anos de carreira.
Teve
o primeiro sucesso nos anos 70 ao lado de Fagner, com a faixa
“Mucuripe”. Com o disco “Alucinação” (1976), lançou clássicos como as
faixas “Apenas um rapaz latino-americano”, “Velha roupa colorida” e
“Como nossos pais”, essa última que se tornou conhecida na voz da
cantora Elis Regina.
Trajetória
Na
infância no Ceará, Belchior estudou piano e música coral, e trabalhou
no rádio em sua cidade natal. Seu pai tocava flauta e saxofone, e sua
mãe cantava em coro de igreja. Mudou-se em 1962 para Fortaleza, onde
estudou Filosofia e Humanidades. Também chegou a estudar medicina, mas
abandonou o curso em 1971 para se dedicar à música.
Começou
apresentando-se em festivais pelo Nordeste. Depois do sucesso de
“Mucuripe”, mudou-se para São Paulo, onde compôs trilhas sonoras para
filmes e passou a fazer shows maiores e aparições em programas de
televisão. Em 1974, lançou seu primeiro disco, “A palo seco”, cuja
música título se tornou sucesso nacional e ganhou versões ao longo da
história, como a de Oswaldo Montenegro e da banda Los Hermanos.
Outros
artistas também regravaram sucessos de Belchior, entre eles Roberto
Carlos (“Mucuripe”) e Erasmo Carlos (“Paralelas”), Engenheiros do Hawaii
(“Alucinação”), Wanderléa (“Paralelas”) e Jair Rodrigues (“Galos,
noites e quintais”). Elis Regina foi uma de suas maiores intérpretes:
além de “Como nossos pais”, gravou “Mucuripe”, “Apenas um rapaz
latino-americano” e “Velha roupa colorida”.
Em
1982, o cantor lançou “Paraíso”, que tem participações dos àquela época
ainda jovens artistas Guilherme Arantes, Ednardo Nunes, Jorge Mautner e
Arnaldo Antunes. Fundou sua própria gravadora e produtora, a Paraíso
Discos, em 1983. Ao longo da carreira, Belchior teve mais de 20 discos
lançados.
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