Lula diz que seu indiciamento é um 'factóide' para impedir candidatura em 2018
por Vera Rosa | Estadão Conteúdo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira
(26) a senadores do PT que o seu indiciamento pela Polícia Federal, às
vésperas do julgamento do impeachment de sua sucessora, Dilma Rousseff,
tem objetivos exclusivamente políticos. Na avaliação de Lula, trata-se
de mais um "factoide", na tentativa de impedir sua candidatura à eleição
presidencial de 2018."Podem trazer os maiores investigadores do mundo
aqui que não vão provar que esse apartamento é meu", afirmou o
ex-presidente, de acordo com relato de dois senadores do PT. Lula e sua
mulher, Marisa, foram indiciados pela Polícia Federal sob suspeita de
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no
inquérito que investiga a propriedade do tríplex no Condomínio Solaris,
no Guarujá. É o primeiro indiciamento de Lula na Operação Lava
Jato. Para o delegado Márcio Adriano Anselmo, o ex-presidente e Marisa
receberam vantagens ilícitas, por parte da empreiteira OAS, "em valores
que alcançaram R$ 2,4 milhões", referentes à reforma do apartamento no
Guarujá e ao custeio de "armazenamento de bens do casal". Lula costuma
se referir ao imóvel como um apartamento do "Minha Casa Minha Vida" por
causa do seu tamanho, considerado pequeno para um tríplex.
Investigadores da Lava Jato também suspeitam que o ex-presidente seja
dono de um sítio em Atibaia (SP), reformado pela OAS e Odebrecht. "Eu já
cansei. Eu não tenho que provar que tenho apartamento. Quem tem que
provar é a imprensa que acusa, o Ministério Público Federal, que diz que
eu tenho, a Polícia Federal, que diz que eu tenho. Eles têm que
apresentar documento de compra, contrato assinado, porque, se não tiver,
em algum momento eles é que terão de me dar de presente uma chácara e
um apartamento", disse Lula no último dia 29, ao participar da
conferência nacional dos bancários, em São Paulo. "Se o objetivo de tudo
isso é me tirar de 2018, não precisa fazer isso. A gente pode escolher
outros candidatos com mais qualidade. Agora, essa provocação me dá
coceira (de ser candidato)." Na rápida conversa desta sexta-feira com
quatro senadores do PT, no hangar do aeroporto de Brasília, Lula foi na
mesma linha, usando praticamente os mesmos argumentos. Jorge Viana (AC),
Paulo Rocha (PA), Humberto Costa (PE) e José Pimentel (CE) saíram da
sessão de julgamento do impeachment de Dilma por volta de 16 horas
apenas para se encontrar com o ex-presidente. Na tentativa de corroborar
a percepção de uso político das investigações, os parlamentares também
notaram que a autorização do Supremo Tribunal Federal para abertura de
inquérito contra Dilma, Lula e outras cinco pessoas, por suspeita de
obstrução de Justiça, foi divulgada justamente no dia em que ela
anunciou sua esperada carta aos senadores.
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