Governador do AM diz que 'não tinha nenhum santo' entre presos mortos
Por Folhapress
O
governador do Amazonas, José Melo (Pros), afirmou na manhã desta
quarta-feira (4) que "não tinha nenhum santo" entre os 56 presos mortos
durante uma rebelião que durou cerca de 17 horas, entre domingo (1º) e
segunda (2), no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus.
"Não tinha nenhum santo. Eram estupradores, matadores (...) e pessoas
ligadas a outra facção, que é minoria aqui no Estado do Amazonas. Ontem
[terça], como medida de segurança, nós retiramos todos [os ameaçados]
quem ainda restavam e segregamos a outro presídio para evitar que
continuasse acontecendo o pior", afirmou o governador à rádio CBN, ao
ser questionado sobre a ligação de facções no massacre.
O massacre é apontado como resultado de uma disputa entre a FDN
(Famílias do Norte) e o PCC (Primeiro Comando da Capital). Além do
massacre no Compaj, outros quatro presos foram mortos na UPP (Unidade
Prisional de Puraquequara) e 184 fugiram do Compaj e do Ipat (Instituto
Penal Antônio Trindade), sendo que 56 tinha sido recapturados até a
noite de terça (3).
O governador culpou o tráfico de drogas e superlotações pela situação
do sistema carcerário. "[A superlotação] é um problema comum a todos os
Estados. Os recursos para a construção de novas prisões não foram na
mesma velocidade que as secretarias de segurança agiram prendendo as
pessoas. Então resultou nessa situação".
"No caso do Amazonas, esse caso é mais grave, já que em dois anos de
governo, nós já apreendemos 21 toneladas de drogas, o que representa o
quantitativo apreendido por todos os outros governos que me antecederam,
e praticamente dobramos a população carcerária com prisões voltadas
sobretudo para essa questão de tráfico de drogas".
Melo defendeu ainda a criação de um fundo nacional para financiar o
trabalho das Forças Armadas no combate a entrada de entorpecentes no
país. "Eu estou disposto a tirar dinheiro do meu Estado e colocar em um
fundo, porque as forças armadas têm capacidade, querem fazer, com toda
certeza, mas não têm dinheiro", disse.
Como a Folha de S.Paulo mostrou nesta quarta, o governo federal reduziu
em dois anos 85% dos repasses aos Estados para a construção de novas
penitenciárias e diminuiu também os recursos para reestruturar e
modernizar as já existentes, apesar de o sistema penitenciário acumular
um deficit de 250 mil vagas, pelo último balanço federal.
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