segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Guerra de facções em Alcaçuz é por força, filiações e dinheiro

  • Andressa Anholete/AFP - 16.jan.2017
    Durante rebelião, presos subiram nos telhados da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal
    Durante rebelião, presos subiram nos telhados da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal
Na versão difundida, a disputa dentro da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na Grande Natal, é para que integrantes de apenas um dos grupos rivais --PCC (Primeiro Comando da Capital) ou Sindicato do RN-- fique no local. A solução para esse problema é apresentada como única chance de paz no local.
Apesar de haver alguma verdade nisso, já que a disputa deixa mortos dos dois lados, o UOL apurou que há mais interesses envolvidos além de o de poupar vidas nessa disputa.
A guerra declarada tem motivações que envolvem demonstração de força junto ao Estado, a chance de aumentar o número de filiados e, por consequência, reforçar o caixa --já que ambas cobram mensalidades dos membros. Por isso, nenhum dos lados aceita sair do local --e deixaram claro isso ao governo.
Em meio ao fogo cruzado e para evitar uma nova barbárie, na quarta-feira (18) o governo do Estado transferiu 220 presos do Sindicato do RN de Alcaçuz para outras duas cadeias em Natal. A ação gerou uma série de ataques nas ruas em retaliação, causando 32 atentados a ônibus, carros e delegacias.
Em vez de acalmar, a medida do governo acirrou os ânimos dentro de Alcaçuz. No dia seguinte (19) à transferência, uma batalha campal foi vista com o ataque de membros do Sindicato a integrantes do PCC no pavilhão 5 --com o saldo de ao menos três mortes. Uma faixa foi erguida para que a imprensa pudesse avistá-la: nela, pediam a saída do PCC e diziam que o Sindicato ainda estava forte no presídio.
Segundo apurou o UOL, mesmo com a saída de 220 detentos, o Sindicato tem --entre membros e "aliados"-- cerca de 500 filiados em Alcaçuz. Nessa contabilidade extraoficial, o exército do PCC totaliza 500 irmãos.
Segundo o governo, a decisão de retirar integrantes do Sindicato foi tomada por questões logísticas --como o Sindicato tem domínio da região, não haveria como garantir a segurança de detentos do PCC.

Beto Macário/UOL - 18.jan.2017
Cerca de 220 presos foram retirados na última quarta-feira (18) de Alcaçuz

Aumentar o exército

A mulher de um preso ligado ao Sindicato do RN contou ao UOL que o discurso de paz no presídio tira a atenção do principal objetivo da disputa: dominar a maior penitenciária do Estado destinada a presos condenados. Alcaçuz é o melhor campo de recrutamento para novos integrantes.
"Se aí ficar só PCC, vai pegar tudo que é preso novo para eles, crescer e controlar mais coisa fora também. O Sindicato não aceita por isso", contou a dona de casa.
Ou seja, o controle de Alcaçuz também representa mais dinheiro em caixa. Além das mensalidades exigidas dos integrantes, os condenados da capital potiguar também

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