Inclusão e vaias a Temer marcam cerimônia de abertura da Paralimpíada do Rio-2016
por Marcio Dolzan e Roberta Pennafort | Estadão Conteúdo
Com mensagens de inclusão e demonstrações de superação dos limites
do corpo humano, a cerimônia de abertura da Paralimpíada do Rio-2016,
realizada em um estádio do Maracanã cheio, foi mais simples do que as
festas que iniciaram e encerraram a Olimpíada, no mês passado, mas rica
em entusiasmo e em momentos tocantes. Ao declarar abertos os Jogos
Paralímpicos, o presidente Michel Temer (PMDB) foi bastante
vaiado. Pouco antes do início da festa, parte do público já havia
gritado "Fora Temer". Nenhum chefe de Estado estrangeiro compareceu no
Maracanã. Na parte final da cerimônia, o público vaiou muito após Carlos
Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador Rio-2016, agradecer aos
governos federal, estadual e municipal. Nuzman precisou interromper seu
discurso. Aos poucos, as vaias se transformaram em aplausos e o
dirigente, então, retornou o discurso após cerca de um minuto. Criada
pelo trio formado por Vik Muniz (artista plástico), Marcelo Rubens Paiva
(escritor) e Fred Gelli (designer), a festa começou com um vídeo. O
protagonista foi Sir Philip Craven, medalhista paraolímpico britânico do
basquete nos anos 1970 e hoje presidente do Comitê Paralímpico
Internacional (IPC, na sigla em inglês). Craven, no vídeo, viajou com
sua cadeira de rodas até Belém e em seguida para o Rio, em um breve
passeio pela cultura brasileira. Foi um recurso simpático, seguido de um
grande momento: a descida em alta velocidade do atleta radical e
cadeirante Aaron Wheelz em uma rampa de 17 metros. Outro ponto alto foi a
execução do Hino Nacional pelo maestro e pianista João Carlos Martins,
que não usa todos os dedos para tocar por causa de uma sequência de
atrofias e paralisias. A bandeira do Brasil foi formada por voluntários
com adereços nas cores nacionais. Embalado por Monarco da Portela,
pastoras da escola, Maria Rita, Diogo Nogueira, Hamilton de Holanda,
Pretinho da Serrinha e Xande de Pilares, com clássicos como "A voz do
morro" (Zé Keti) e "O campeão" (Neguinho da Beija-Flor), o segmento
dedicado à roda tratou da importância desta invenção para toda a
humanidade, não só para cadeirantes. A praia foi retratada como espaço
democrático, onde se pratica surfe, "altinha", stand-up paddle e
frescobol. Projeções transformaram o palco em um grande mar azul, com a
aparição, também projetada, do nadador paralímpico Daniel Dias. Em ordem
alfabética, os cerca de 4.300 atletas de 23 modalidades e 160
delegações formaram in loco uma obra interativa de Vik Muniz, um grande
quebra-cabeças com seus rostos estampados nas peças que no fim formaram
um grande coração. Os organizadores esperam que o sucesso e a audiência
da abertura alavanque a venda de ingressos para as competições, que vão
desta quinta-feira ao próximo dia 18. Ainda resta por vender cerca de 1
milhão de entradas, de um total de 2,4 milhões de ingressos.
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