Lula se recusa a falar a Moro sobre caixas de presentes do período da Presidência
Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou à
Operação Lava Jato, por meio de sua defesa, que não reconhece a
competência do juiz federal Sérgio Moro na investigação sobre as 23
caixas com presentes recebidos pelo petista no período que ocupou a
Presidência da República e que foram apreendidas pela Polícia Federal na
Operação Aletheia, 24ª fase da Lava Jato, em março deste ano. Lula
disse que somente prestará esclarecimentos à Justiça Federal de
Brasília. "Necessário salientar que o peticionário (Lula) não reconhece a
competência do Juízo da 13ª Vara Criminal de Curitiba para a condução
do presente feito", afirmam os advogados Roberto Teixeira, Cristiano
Zanin Martins, José Roberto Batochio e Juarez Cirino dos Santos. "Há que
se pontuar que o presente procedimento versa sobre fatos que ocorreram
em Brasília (isto é, suposto recebimento de bens quando no exercício do
cargo de Presidente da República) e a busca e apreensão se deu em
agência do Banco do Brasil localizada em São Paulo. Desse modo, não há
motivos para que a presente investigação ocorra em Curitiba, uma vez,
ainda, que todos os fatos apontados na investigação se dissociam
territorial e materialmente de qualquer aspecto ou conteúdo da 'Operação
Lava Jato'." A busca da Aletheia encontrou moedas, espadas, adagas,
canetas, condecorações e outros objetos de valor que estavam armazenados
no banco desde 2011, sem custo, segundo informou o gerente da agência
na ocasião. No mesmo dia em que foram feitas as buscas no cofre, Lula
foi conduzido coercitivamente para depor e, irritado, disse que não
sabia onde estavam as inúmeras "tralhas" que ganhou quando presidente e
que iria entregar tudo para o Ministério Público. Antes disso, ele havia
sido flagrado em um grampo com o advogado Sigmaringa Seixas fazendo
críticas às investigações sobre os presentes e dizendo que iria mandar
tudo para um prédio do Ministério Público Federal. A petição da defesa
afirmou a Moro que "já existe inquérito civil em trâmite na Procuradoria
da República do Distrito Federal que apura exatamente os mesmos fatos
aqui investigados, no bojo do qual, inclusive, o Instituto Lula já
respondeu a ofício que requereu informações detalhadas sobre os bens
integrantes do acervo privado". "Diante do exposto, o peticionário
(Lula) não reconhece a competência deste juízo para processamento do
feito em tela, razão pela qual somente prestará os devidos
esclarecimentos à autoridade competente, qual seja, a Justiça Federal de
Brasília", anota defesa do petista.
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